Saturday, November 25, 2006

amores folhados, o blog

querida dulce epopeia,
o teu blog dependerá de corações tolhidos por acidentes calculáveis, mas também de quem não calcule que os tenha, aos corações tolhidos -- e quem não tenha que atire, nesse teu lugar, o primeiro foguete festivo. acho. o lugar não é meu. eu apenas o invejo porque não tenho onde guardar o meu amor que se tolhe quando não o encontro e, no entanto, sei que o tinha ainda agora, à minha beira, aqui comigo ao pé de mim.

Wednesday, November 22, 2006

no lugar de

Sunday, November 19, 2006

para a loba dulce epopeia

a loba branca banqueteava-se esbafurida lambendo o beiço babado no lombo tombado. (homem-formiga já pouco fazia à fantasia fetiche da loba infiel à filantropia.)
agora desafia quem passa: a dona loba não ama quem caça.

Thursday, November 16, 2006

q.b. (numa tradução livre)

não posso não consigo não aguento mais
ando à voltas sobre mim e o tempo não escorre. é sempre um segundo antes do próximo e não passa dele mesmo. se ao menos um botão se soltasse, um cordão se desamarrasse eu me dobraria em cócoras sobre eles sem, a seguir, me poder levantar e a seguir? outro cordão? uma formiga que pudesse ser exterminada, talvez. o chão que irrompe numa fenda e finalmente haverá caminho para a china a partir deste lugar. e pensar sobre isso seriamente e certificar observando minuciosamente o chão e a sua fenda mínima, se a fenda não é um princípio do fim, um terramoto embrião porque se fosse a valer os segundos escorreriam debalde mas escorreriam, chegariam à sua foz como chega o rio de são pedro de moel no FMI do zé mário que alivia mesmo mesmo. mesmo se por uns ávidos e míseros segundos adiante do anterior que não passa e eu não posso, talvez deixar-me ir tragicamente e ser a luz para todos estes olhares como foi o meu sorriso largo na 1ª comunhão, para desviar as futuras atenções do meu irmão fotografado, amarelo e descaído, sumido por dentro do sorriso que lhe emprestei, largo para que coubesse e que jamais nele coube a definição de heroísmo e nem sequer para que dissessem olhem que rico sorriso é pura alegria, transcendental, divino, não há dúvida de que foi tocada a menina é dotada de tragédia venha o sacrifício seguinte e a vir não seria nada mais do que não comer o bolo da comunhão que saiu pequeno e as bocas em aleluia pecavam por excesso mas, pelo menos, serviu o seu invisível propósito altruísta que ainda hoje se guarda em silêncio. o meu irmão safou-se de ser a luz patética, fui eu por ele agora trago-a sempre comigo para safar imagens puras de pessoas que a têm inteira. o meu irmão da primeira comunhão descaiu-se, amarelou-se, mas libertou-se da dor aguda que sou eu inteira e todo ele é luz que ilumina sem mácula e toda a gente diz que rico rapaz baixando os ombros, diagonando o olhar e cruzando as mãos em admiração e eu presa aos segundos por trás da porta fechada, talvez tenha morrido quem a fechou e esse trágico acontecimento se torne a luz e não eu daqui a instantes se os segundos passarem para a frente em avalanche sem que a porta com o defunto se abra e eu retida entre a porta fechada e os segundos congelad s.s.. s...
um sorriso veio da porta, vivo não morto, lentamente veio vindo da porta, sorrindo, penteando a madeixa que se misturara com as faces rosadas. lentamente rindo vindo sem sair da porta aberta. eu sem me mexer mexi-me com os passos hirtos da porta e o sorriso loiro, rosado, belo estremeceu recuou, caiu deixando rastos de cabelo flutuando no ar, lentamente pousando no chão com os restos do sorriso, iluminado estendido desfeito no mesmo lugar onde eu nos segundos parados atrás me retive e contive, até que resolveram avançar e obrigar-me a aliviar, ali mesmo, a bexiga.

Monday, November 06, 2006

berenice


berenice contrafeita seguiu ao lado dos seus braços desfeita, nenhum valor maior ditara sua desventura, fora amada apenas na lonjura, quando a dobrara a curva, prestes a entregar bravura fora sem piedade vítima da sua própria travessura. eunice dizia eu, era longa, e seu peito de grande alvura, tropeçava em seus curtos passos e fitava longe semicerrando os olhos, porque a consumia uma negrura, palpitante atravessara o paço e fundira-se à ideia de desfalecer em seu regaço, mas o príncipe poupava-se a embaraços, amores confessos queria-os escassos. alice baixou os olhos, estremeceu, de seus braços não sobrava nada seu, o cabelo pendia-lhe sem brilho pela face, tossia para não ouvir o grito do seu coração em mil pedaços. soubera ontem o que hoje lhe levava a paz, e teria serenado quando todo o mar por si reclamara, se o tivesse apenas pressentido. porque não possuir o seu amor é veneno do mais temido. alicia fez caminho do lado oposto do rio, ainda procurou seu rosto ao longo do navio, mas sobrava apenas mágoa de tão débil desafio, fora vã toda a lágrima, todo o sorriso sem trilho. no ventre formava-se turva da dor ida, ira ficava, pobre razão matava. patrícia vingou simpatia, amoleceu coração em toda a travessia, olhava altiva para qualquer criatura e depois de a fazer amar em agonia, desferia o golpe e sorria com mestria. fenícia partiu, não tornou ao cais, não olhou qualquer navio, quando seu cheiro se turvava, cobria o rosto longo com um véu e não respirava. nenhum mal de amor tornaria a atormentá-la, amor mal em si ficara. distraída todo o instante lhe dedicara, a travessia era deserta, e qualquer dinastia incerta.

amanhã iremos de comboio

sim amanhã partimos, eu vou à frente para desbravar caminho, mas esperarei por nós no velho moinho. sim, cantarei pelo caminho, e pedirei que te traga o destino.

No início a casa arde

O ferro ficou a queimar tecidos que precisavam de uma urgente unção. Espero que se dirija a mim, no quarto de cima, fugida da inevitável salvação dos pecados que não quero salvar.

Sunday, November 05, 2006

os truques do arco da velha

deu-se que a necessidade fez o monge e eu fiz-me por necessidade.