Monday, July 21, 2008

amplitude

disse-te se tivesse amor para dar

e entretanto passou o som de uma famel pela minha rua e obrigou-me a contorcer de forma a poder ver a linha do horizonte que vivia na pequena janela do quarto de Quintela e que era ao contrário de todas as outras e tinha a particularidade de se curvar.
por isso é que o mundo é redondo, voltei a pensar.

dir-te-ia que te amava

e entretanto adormeci porque fechei muito tempo os olhos e deixei que fugisse por dentro, como disseste.
não poderei dizer o que fugi, porque me vejo ainda aqui, mas sei que não encontro o caminho de volta e sei que o terei de fazer para chegar onde ele melhor se afasta.




quando acordei, de noite

( para vivê-la com quem a vive )

soube que tinhas razão e, por isso, vim cá pedir-te que acendas o resto da luz.






Wednesday, July 16, 2008

Bela Adormecida

Sunday, July 06, 2008

a queda

Quando este grito interno grita internamente.

Quando esta vontade nascente desagua dentro.

Quando estas nuvens de chumbo apenas se adensam e não há chão onde cair estilhaçar desfazer-se em nadas pequenos que se colam às solas dos sapatos dos outros, no pêlo de um cão, no chão mais escuro de um buraco e se esquecem de onde partiram para onde vão.


Quando as palavras saem.
E não dizem o que dizem. E não mostram o que mostram. E se prendem umas às outras pelos largos espaços que as afastam. Tanto que se esgotam em todas as combinações possíveis. E está tudo lá ausente.

Quando sussurro – sem mãos para não dizer duas vezes, que em duas vezes já se dizem espaços pequenos entre o que se diz –

só para brevemente sair.